sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Besouros, na pele das palavras



Apresentação de Besouros Falantes, feita por seu irmão Joaquim Branco, fevereiro 2003.



"No meio do mato besouros falantes emitem cochichos, formigam farelos de falas, confundem e misturam nexos.
Estes não são propriamente aqueles animaizinhos de asas noturnas e dura casca que, na ânsia da luz e dos holofotes, rodopiam até cair para ser esmagados por sapatos.
Seu misterioso ciclo de vida resume a metáfora do destino humano ou o capricho das sensações e a busca de um sentido para as coisas.
Os besouros que narram também pintam e bordam na construção de um texto sem paralelo e sem rodeios. Sua mágica entra na poesia e sai na prosa, e, quando se tornam líricos, já são épicos ou penetram no drama. Esses bichinhos ruminam sua fome de dentro da mente humana e dali se veem diante de uma sede que não sacia a mente. Ficam remoendo um grilo que o descuido deixou apanhar ou dormem sobre o remorso de horas tediosas.
São falantes porque o tempo todo falam e ouvem vozes que lhes ensinam coisas e eles as devolvem no seu besourar contínuo.
A maioria dos textos deste livro de PJ Ribeiro foi escrita na década de 1960, alguns na de 1970, poucos na virada do século. Mas todos trazem indelevelmente inscrita a marca da aventura com a linguagem, que faz do homem não o melhor mas o mais inquieto bicho da natureza."



Miniconto em destaque




A ÚLTIMA PALAVRA


A última palavra pode estar atrás da vidraça, dentro dos seios, por entre as portas, manilhas, ou bem mais adiante do que se vê.
Também pode ser que esteja na primeira, na sexta ou,então, na decima quinta voz a ser ouvida.
Mas, é sempre a palavra de ordem.
  
                                               ( In: Um terno tirado do fundo do armário. pág. 14 - 2009)