Apresentação de Besouros Falantes, feita por seu irmão Joaquim Branco, fevereiro 2003.
"No meio do mato besouros falantes emitem cochichos, formigam farelos de falas, confundem e misturam nexos.
Estes não são propriamente aqueles animaizinhos de asas noturnas e dura casca que, na ânsia da luz e dos holofotes, rodopiam até cair para ser esmagados por sapatos.
Seu misterioso ciclo de vida resume a metáfora do destino humano ou o capricho das sensações e a busca de um sentido para as coisas.
Os besouros que narram também pintam e bordam na construção de um texto sem paralelo e sem rodeios. Sua mágica entra na poesia e sai na prosa, e, quando se tornam líricos, já são épicos ou penetram no drama. Esses bichinhos ruminam sua fome de dentro da mente humana e dali se veem diante de uma sede que não sacia a mente. Ficam remoendo um grilo que o descuido deixou apanhar ou dormem sobre o remorso de horas tediosas.
São falantes porque o tempo todo falam e ouvem vozes que lhes ensinam coisas e eles as devolvem no seu besourar contínuo.
A maioria dos textos deste livro de PJ Ribeiro foi escrita na década de 1960, alguns na de 1970, poucos na virada do século. Mas todos trazem indelevelmente inscrita a marca da aventura com a linguagem, que faz do homem não o melhor mas o mais inquieto bicho da natureza."